* Por Gilvan Ribeiro, atleta olímpico Rio 2016, acadêmico de Psicologia e Jornalismo
A nossa relação está próxima de completar duas décadas. Quando eu ainda ensaiava as minhas primeiras remadas, em 2002, você já estava presente me incentivando. Logo eu me despedi de Santa Maria, fui rodar o mundo em busca do sonho olímpico e levei você comigo. Por diversas vezes, você fez questão de estampar na sua capa as minhas conquistas que, naturalmente, se tornavam nossas. Enquanto fonte e imprensa, nós sempre mantivemos uma distância saudável e provamos que amizade e profissionalismo podem remar no mesmo barco. Se eu apresentei um "valor notícia" para ocupar as tuas páginas, foram as mãos humanas que te escrevem, que moldaram a nossa amizade.
Em 2016, chegamos ao nosso ápice juntos, quando você me confiou o privilégio de uma narrativa autobiográfica, em uma coluna especial, durante a Olímpiada do Rio de Janeiro. No ano seguinte, voltei a escrever aqui, mas dessa vez não era sobre mim. Enquanto graduando de Jornalismo, pela Universidade Franciscana (UFN), você e eu publicamos diversos artigos, contando a história de pessoas importantes da nossa cidade.
Chegamos em 2020. Neste ano, você me surpreendeu com um convite especial. Bem na verdade, a surpresa iniciou quando eu sugeri um artigo para a página de Opinião, no começo de janeiro. Sua diretora adjunta, Fabiana Sparremberger, havia sinalizado sobre a possibilidade de um espaço contínuo, para publicação. Dias depois, na ligação feita pelo editor-chefe interino Pedro Pavan, escutei que eu não negaria o tal convite, antes mesmo de ser feito. Se o Pavan possui dons premonitórios eu não sei, mas aqui estou, dando início a mais uma página da minha história contigo, Diário. A partir desta edição, me junto ao grupo dos teus articulistas, para, quinzenalmente, compartilhar meus textos com os (nossos) leitores. O frio que me acompanha no estômago, neste momento, não é o de um estreante, mas, sim, de alguém que reconhece a responsabilidade que carrega.
Sobre a temática que irei tratar, aproveito a liberdade que me foi dada, para me conectar ao que há mais de quatro anos se tornou minha principal razão de existir. É certo que o esporte me deu asas para o mundo, e naturalmente contarei sobre as minhas experiências olímpicas por aqui. Mas neste primeiro ciclo de artigos, convido a todos e a todas para ingressarmos no mundo da paternidade.
Não me coloco no lugar de quem traz respostas, busco apenas lançar luz ao tema, no intuito de aprender também. Ser pai é um processo de aprendizado constante, que certamente não irá cessar com o crescimento dos nossos filhos. Ser pai exige amor, coragem e doação, tal como o ato de escrever. Na certeza de que temos um grande e novo mar para navegarmos, dou por encerrada a minha apresentação por aqui, querido Diário.